quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

O amigo que me faltava




Eu estava conversando com uma amiga. Amizade de poucos meses, mas já especial. Uma conexão profunda e difícil de explicar. Usava mais uma vez a minha sinceridade explosiva que, muitas vezes, não é saudável, eu sei. Sobretudo para os outros. Ela entendeu o que quis dizer e, meiga como sempre, me soltou essas palavras: “Você era o amigo que me faltava!”. Exatamente assim. Uma frase que contém uma singeleza tão bonita, tão sincera. Minha amiga não é uma pessoa sozinha, perdida no mundo, à procura de uma pessoa com os mesmos interesses que os seus. Não era esse o caso. E também nem quis dizer que eu era mais especial que os outros amigos, alguns de muitos anos. Também não era esse o caso. Ela colocou para mim de forma sutil aquilo que inconscientemente nós sabemos – cada amigo tem sua função. É, isso mesmo! Pode parecer um pensamento egoísta, mas é exatamente assim. No nosso caso, eu sou o amigo que diz tudo, mesmo que não seja o que ela gostaria de ouvir e a coloca “para frente”.

Pare e pense. Você deve ter aquele amigo de longa data, que juntos passaram por diversas aventuras, mas na hora de falar sobre seus sentimentos e coisas íntimas você trava. Não é falta de confiança, até mesmo porque ele está nas suas melhores e piores memórias. Tem um outro que vocês nem se veem tanto assim, mas nas conversas você simplesmente se abre, naturalmente sai contando tudo como se estivesse conversando com você mesmo. Com certeza, tem também a amiga que você sempre chama para um jantar em sua casa e ali vocês irão rir, deitados no sofá ouvindo música, mas na hora de ir pra balada não pensa no nome dela. Balada legal mesmo é só com outro amigo porque ele dança, pula e vira a noite contigo. Esse amigo da balada dorme até tarde e como você gosta de acordar cedo quando está viajando, não é ele o convidado para ir junto.

Não é porque você só conta tudo para um, mas viaja é com o outro e só vai para balada com um terceiro que você não ame todos de igual forma. Isso quer dizer que todos, do seu jeito, seja ele qual for, são especiais e ajudam a montar o quebra cabeça da sua vida. Quando ela disse aquela frase para mim, isso tudo passou na minha cabeça em segundos e respondi com as mesmas palavras “Você também é a amiga que me faltava.”. Essa amiga, era a amiga que me faltava.  Afinal nunca tive ninguém com os princípios tão parecidos aos meus. Por fim, pensei – porém não disse – naquilo que rola por aí: ninguém entra na nossa vida por acaso.

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Compra de livros pela internet - minha primeira experiência

Há um tempo eu venho pensando nas inúmeras possibilidades que eu tenho por ter um blog em minhas mãos. Comecei a divulgar meus textos com intuitos meramente vaidosos e egoístas, mas com o tempo vejo que posso ir bem além, inclusive influenciar e ajudar pessoas. Pensando nisso, tentei encontrar algum assunto que eu gosto que possa ser de interesse de outras pessoas e acabei por decidir em estender esse espaço para falar sobre livros, um amor que, de tão antigo, eu não sei quando nasceu.
Para começar no assunto, eu vou falar sobre algo novo pra mim: a compra de livros pela internet. Hoje se compra tudo pela internet, eu sei. Mas sou um pouquinho atrasado com essas coisas (um dia chego lá!) e também sempre preferi livrarias, mesmo morando numa cidade onde existe apenas uma e que não é muito maior que a cozinha da minha casa. Estar em um ambiente cheio de livros como o de livrarias e bibliotecas é algo, no mínimo, interessante. A vibe é muito boa! Ah, não sei se é assim em todas, mas a livraria da minha cidade coloca, gratuitamente, um marcador de página em cada livro comprado. Esse já é mais um bom motivo para ir lá. Já que eu gosto da vibe, ganho marcador de página gratuito, os preços não diferem muito da internet e sempre que não tem o livro desejado posso fazer pedido sem custos adicionais, acabo ficando com a livraria. Então, o que me fez comprar livros pela internet?
Isso aconteceu porque fui atraído por uma promoção que prometia “mais de 500 obras por R$ 9,90 cada”. Se você está vendo seus livros nunca lidos acabando e precisa comprar outros se sentiria, com certeza, atraído pela promoção. No fim, não foi bem assim que funcionou, porém fiz boas escolhas e ganhei mais uma experiência que vou contar pra vocês agora!



Eu encontrei a mesma promoção em dois sites diferentes, o submarino.com e americanas.com. Os dois sites continham basicamente as mesmas opções em promoção, porém no americanas.com os livros no valor de R$ 9,90 estavam separados dos demais e isso facilitou porque eu estava disposto a escolher dentro desse valor. No submarino.com estavam livros de diversos valores juntos, o que dificultou saber se aqueles que estavam com o preço de R$ 9,90 eram mesmo promoção ou não e, vendo os que tinham outros valores, me senti tentado e acabei por falhar na minha missão de comprar somente os livros da promoção. No final eu comprei 7 livros: 04 na americanas.com e 03 na submarino.com. Então, vamos aos livros!


COMPROMETIDA: UMA HISTÓRIA DE AMOR, de Elizabeth Gilbert




Eu li o livro mais famoso da escritora, o Comer Rezar Amar, na época do lançamento do filme que leva o mesmo nome porque sou fã da atriz que fez o papel da Liz no cinema, Julia Roberts (eis um fato sobre mim) e acabei me tornando fã da autora também e principalmente da sua história. Eu adoro viajar, conhecer lugares novos e tenho um interesse especial pela Índia, um dos países que a escritora ficou no seu ano sabático. Com todos esses ingredientes, o livro me tocou de uma forma diferente. Muito tempo passou até eu descobrir que ele tinha uma continuação que se chamava Comprometida: Uma História de Amor. Pessoas curiosas como eu, quando leem livros biográficos não se contentam com o final –a menos que a pessoa tenha morrido- e querem saber o que aconteceu depois. Se você é assim, pode imaginar os pulos de alegria que dei ao descobrir e mais ainda quando o encontrei na promoção!
ONDE COMPREI: Americanas.com
QUANTO PAGUEI: R$ 9,90 (promoção)
DETALHES: É edição de bolso, então ele é menor e papel não é de tão boa qualidade. Mas o importante é o conteúdo, não?!
OBSERVAÇÕES: Apesar do livro ter chegado bem embalado com plástico, a capa veio com alguns amassadinhos, fora isso ele é perfeitinho.


POESIAS – FERNANDO PESSOA (Coleção L&PM Pocket)



Infelizmente, eu percebi que mesmo sendo um leitor ávido, daqueles que leem jornais velhos, bulas de remédio e os mais variados rótulos,quando tenho o poder de escolha sempre opto pelos mesmos gêneros literários e isso além de diminuir minhas opções, limita muito a minha visão de mundo – um dos grandes benefícios da leitura. A promoção era um bom momento para experimentar novos gêneros, se eu não gostasse era só encostá-lo ou deixar que outros o leiam e o prejuízo financeiro não seria tão grande. Quando vi o livro de poesias de Fernando Pessoa não hesitei em comprar.
ONDE COMPREI: Americanas.com
QUANTO CUSTOU: R$ 9,90 (promoção)
DETALHES: Ele também é edição de bolso, pequeno, fininho e faz parte de uma coleção da editora que contém mais de 1000 títulos.


COMO WOODY ALLEN PODE MUDAR SUA VIDA, de Éric Vartzbed



Esse livro eu comprei por dois simples motivos: a capa e o título me lembravam um livro que eu li há uns meses, o Nietzsche para os estressados, mas depois percebi que não tinha nada a ver e o outro motivo é que eu sou muito fã de uma fã do Woody Allen.
ONDE COMPREI: americanas.com
VALOR: R$ 9,90 (promoção)
DETALHES: O livro não é edição de bolso, mas é bem fininho, tem só 79 páginas.
OBSERVAÇÕES: Se eu tivesse pensado mais um pouquinho não teria comprado o livro, não pelo conteúdo porque eu não li ainda, porém, mais pelo fato de o desconto não ser tão grande. No lugar dele, poderia ter comprado outro livro em que o desconto fosse maior.


A REDESCOBERTA DO MUNDO, de Thrity Umrigar



Esse foi o livro que tinha certeza desde o início que compraria. Essa é uma escritora não muito conhecida, mas que já me fez chorar com um de seus livros, o A Distância Entre Nós que certamente estaria no meu top 10 de livros. A Redescoberta do Mundo mantém o mesmo cenário, a minha singular Índia (a autora é indiana) e seus extremos.
ONDE COMPREI: americanas.com
QUANTO CUSTOU: R$ 9,90 (promoção)
OBERVAÇÕES: O livro veio com umas manchinhas escuras, nada que atrapalhe a beleza da capa.

Esses foram os livros que comprei na americanas.com, todos foram da promoção e somaram R$ 39,60. Paguei mais R$ 10,32 de frete (moro no interior de Minas Gerais), ou seja, mais um livro da promoção, totalizando R$ 42,92.
ENTREGA: Eu comprei os livros no dia 09 de agosto a noite por cartão de crédito e minutos depois tive a confirmação da compra. Como pedi pela entrega normal, tinha o prazo de 16 dias úteis para receber a encomenda e recebi em 12 dias úteis. Durante todo o tempo o rastreamento funcionou. Valeu muito a pena e recomendo para quem tem interesse!


Agora, os livros comprados na submarino.com:

MINHA MÃE É UMA PEÇA, de Paulo Gustavo.



Fui praticamente obrigado a comprar esse livro porque minhas irmãs A-M-A-M o filme que tem o mesmo nome. Eu já vi e é superengraçado, então pensei que seria interessante o livro não só para mim que ri bastante com o filme, mas para minhas irmãs que não leem tanto.
ONDE COMPREI: submarino.com
QUANTO CUSTOU: R$ 10,00
DETALHES: A qualidade física do livro é ótima, o papel é bom e tem orelhas – item obrigatório para muitos.

TEMPOS EXTREMOS, de Míriam Leitão.



Eu já conhecia a jornalista e comentarista econômica Míriam Leitão e já estava na hora de conhecer seu lado escritora. Encontrar esse livro em promoção foi bem oportuno porque no mesmo mês ela estaria no Festival Literário de Araxá (Fliaraxá), a cidade que eu moro e eu já estava pensando em ir vê-la. Além disso, quando li do que se tratava o livro, ele ganhou meu coração e eu tive que comprar.
ONDE COMPREI: submarino.com
QUANTO PAGUEI: R$ 10,00
DETALHES: A qualidade do livro é ótima também.

CARCEREIROS, de Drauzio Varella



A minha admiração pelo médico e escritor Drauzio Varella vem de muito tempo. Eu tive oportunidade de ler o Estação Carandiru há 10 anos e, sendo um livro “adulto” demais para um pré-adolescente, foi um impacto muito grande. Quando vi que também tinha esse livro sobre o mesmo assunto, decidi comprá-lo. E aí veio a falha na minha missão. Eu tenho certeza que vou gostar do livro e foi um achado importante, mas estava fora do valor que eu queria pagar, o problema dos livros em promoção estarem misturados aos que não estavam.

ONDE COMPREI: submarino.com
QUANTO CUSTOU: R$ 19,90
No total, comprei 03 livros pela submarino.com, o que me custou R$ 39,90 mais o frete de R$ 8,11, ou seja paguei 48,01.
ENTREGA: O tempo de entrega era de 16 dias úteis e chegou em 13 dias, junto com os outros livros comprados na Americanas.com
Sobre os sites: No Submarino, tive que procurar as promoções em meio a livros com valores maiores que o esperado e acabei comprando acima do valor, mas a qualidade dos comprados é bem melhor que na Americanas e a minha sensação era que os livros poderiam mesmo ter um valor maior e que estavam na promoção de verdade, mas a facilidade da Americanas me ganhou.





Essas foram as minhas primeiras comprinhas de livros pela internet e eu adorei! Ainda preciso aprender muito para encontrar melhores promoções e até para entender mais sobre tipos de folhas, de capas e até de edições. Vocês aprenderão junto comigo. Apesar dos prós e contras, eu compraria novamente nas duas lojas virtuais e, apesar da praticidade, eu ainda prefiro as livrarias, mesmo já pensando em comprar mais vezes pela internet. Provavelmente, todos os livros citados aqui terão um post específico ou uma resenha. Fiquem de olho!

E você? Gosta mais de comprar livros pela internet ou sente o mesmo prazer que eu ao ir a livrarias? Comente aqui sua experiência!!

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Pedro


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                                                                                                                                                Foto via
Pedro acordou para mais um dia de trabalho. Aquele que ele não gosta, mas que ganha bem e paga suas contas. Entre uma xícara de café e suas duas torradas com requeijão matinais, ele pensou no sonho da última noite. Mais uma vez aquilo o rodeava. É assim que ele se sentia: assombrado e encurralado por algo que há décadas foi um sonho, mas que agora não passa de um pesadelo.

Pedro deixou a xícara de café de lado, mas sonhos foram junto com ele. Vinte anos carregando-os consigo para lá e para cá, o mesmo tempo em que não chega atrasado ao trabalho. Vestiu o odiado uniforme amarelo, trancou a porta, pegou o elevador, disse oi ao porteiro e se foi. Engarrafamento de novo, é sempre assim, “choveu, parou”.

Pedro chegou ao trabalho, cumprimentou os amigos e, antes de se sentar, organizou o porta-retratos. Quem insistia em colocá-lo de lado, sendo que é assim que tem de ficar? A pilha de papeis nunca diminuía, só mudava de lugar. Hora de começar. Entre cafés e almoço esquentado no micro ondas, o dia passa, ás vezes rápido como uma sacola plástica em meio à ventania. Pedro viu pela janela, na tarde de sol quente e tempo abafado, um rapaz passando com um violão nas costas. Se não tivesse certeza de que Junior, seu filho estava dentro de uma sala daquela faculdade americana importante que lhe fugiu o nome, se não fosse isso, poderia jurar que era seu filho ali. Fugiu-lhe também o fato de que Junior nunca quis tocar violão, mesmo o pai insistindo tanto. Poderia ser Pedro também, já que Junior parecia tanto com o pai, assim como o rapaz do violão que já devia estar chegando ao seu destino se parecia com Junior. E Pedro gostava de violão, então poderia mesmo ser ele ali se não estivesse cheio de serviço. Pensando nisso, Pedro sorriu e tentou fazer com os dedos algumas das posições, as primeiras aprendidas com um artista que ficava na mesma rua da escola de inglês que frequentou quando era adolescente. Ele até tentou cantar um pedacinho da música que o sujeito cantava e tocava sorrindo, mas todos ali o olharam, então, Pedro voltou para a pilha de papeis. Não havia diminuído nem 15 centímetros. 17 horas – hora de ir embora. Como não poderia ser diferente, engarrafamento de novo. No segue e para, para e segue do engarrafamento, Pedro cantarolou aquela música. Mesmo com vontade de cantar bem alto, ele não o fez. Seus colegas de engarrafamento poderiam não gostar, apesar de ser afinado assim como seu violão estava na última vez que o usou.

Chegou em casa, viu o telejornal e pensou que o mundo está mesmo instável e a crise vai demorar passar. Ele não janta, só come pão, toma um copo de leite ou algo assim. Dessa vez era leite com Nescau. Lembrou-se do rapaz que viu naquela tarde. Isso ficou na sua mente o trajeto todo de volta para casa. Pedro pegou seu violão e tocou um pouquinho. Só um pouquinho mesmo. Já era tarde e seus vizinhos poderiam se incomodar. Sua mulher já se incomodara. Pedro foi dormir para sonhar mais uma vez com aquilo.


Mais um dia Pedro existiu – mas não viveu.

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Explicando ausências



Se você, por um acaso (ou indicação) chegou ao blog ou a página do Escrita de Iniciante no facebook, leu os textos, achou legal, ficou com gostinho de quero mais e olhou por mais alguns dias e nada de chegar postagem nova, tenho que pedir desculpas. O blog e a página estão desatualizados há mais de 20 dias, mas é por um bom motivo.


Desde que me propus a divulgar meus textos tenho recebido alguns elogios e apoio, então decidi que era necessário melhorar as coisas por aqui e esse é o motivo do meu sumiço. O tempo que tenho para escrever vem sendo usado para melhorar a aparência do blog e coisas feitas por amadores e inexperientes são bem mais complicadas e demoradas. Toda a nova aparência do blog que, em breve, será divulgada, está sendo feito por mim, um alguém que não entende muita coisa de informática. Eu amo a tecnologia e a internet, sobretudo a melhoria da comunicação que elas nos proporcionaram, mas a parte técnica eu não gosto e não levo jeito. Então, meus caros, imaginem como está sendo difícil para mim todo esse mundo do HTML e afins. Eu preciso da compreensão de todos que querem mais textos meus. Como em tudo na nossa vida, as coisas pioram para depois melhorar. Em breve vocês terão um blog melhor visualmente e com postagens semanais. Valerá à pena toda essa espera!

sexta-feira, 31 de julho de 2015

Três cutucadas às 06:00 am

                                                                          Imagem da Internet

Foi somente ontem que doeu. Ontem, uma semana depois que você saiu dessa casa, sendo realmente o fim, quando chegamos à conclusão que não havia mais possibilidade de recomeço assim como em vários outros fins. Eu pensava que sofreria tanto nos primeiros dias. Ao perceber que eu não deito e acordo mais ao seu lado. Ao entender que agora na mesa é um prato ao invés de dois. Ao descobrir que no banheiro tem apenas uma escova de dente e que aqueles sapatos que estavam guardados por tanto tempo podiam, finalmente, serem doados. Que o cheiro do seu perfume já não exala na casa, misturando-se com o aroma da manhã. Que não há mais brigas pelo controle remoto da TV, pela janela aberta ou fechada a noite. Mas não, nada disso doeu. Como consegui me dar conta de tudo isso sem chorar? Como olhei essas coisas acontecendo e não doeu?
Não doeu ver a porta fechando atrás de você, indicando que não teria mais volta. Não doeu aquele encontro despreparado na esquina, nem mesmo o beijo no rosto dado tão sem jeito. Não doeu entender que agora somos dois seres distintos que não partilham nada além das lembranças daquele um só corpo que fomos um dia. Lembranças que serão levadas de pouco em pouco por cada ano que dobrar a esquina, à medida que outros anos batem à porta trazendo novos projetos, novos objetivos e novos amores.
Ontem à noite, quando tive que desligar o despertador que ficava no automático pronto para me acordar no horário em que somente você tinha necessidade de levantar foi que eu percebi que não havia mais nenhum elo entre nós. Nada tinha doído, até ontem quando percebi que eu não precisava fazer aquilo que fiz, sem nenhuma vontade, esses anos todos.  O que eu menos gostava de fazer foi aquilo que me ajudou a perceber que você não estava aqui, que já havia ido embora e talvez (agora eu enxergo melhor) cedo demais - toda força daquele ponto final escrito há uma semana foi embora para o lixo junto com a opção 06:00 a.m. do despertador do celular. Eu não precisava mais te dar três cutucadas leves para acordar. Pareceu-me que estava ao contrário: agora quem estava recebendo essas cutucadas era eu, me acordando para a realidade e, diferente daquelas que te acordavam, essas doíam. Doíam tanto que eu chorei e senti o frio de estar sozinho numa cama enorme, senti o medo de estar sozinho numa casa também enorme e que cabe direitinho você e suas quinquilharias. Senti o desconforto que a solidão é para alguém implicante - não havia ninguém pra eu dizer que estava errado, para eu discordar. Não havia ninguém para eu acordar no dia seguinte.

Você se lembra de um dia me dizer que eu tinha necessidade de me sentir necessário para os outros? Pois é! Você estava certo. Foi ver que você não precisava mais de mim nem mesmo para te acordar, que me fez despertar e entender que foi eu quem sempre precisou mais de você do que ao contrário, que eu só sou verdadeiramente eu quando estou com você. É mais por mim do que por você que eu te peço e espero que não seja tarde – “pra nós dois nunca é tarde”, lembra que dizíamos isso nas madrugadas repletas de filmes antigos?! – volta pra casa, deixa eu te acordar por pelo menos mais cem anos, mesmo eu reclamando. Afinal, é disso que o amor é feito, de doações dos dois lados, feito de você fingindo que precisa das minhas três cutucadas para acordar e eu fingindo que faço isso por obrigação.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Dois patinhos na lagoa

Imagem da internet                                                                         

Numa dessas madrugadas de insônia, quando tudo se torna mais intenso e interessante, me peguei pensando que estou prestes a completar 22 anos – dois patinhos na lagoa. Eu venho pensando há tempos que esse dia se aproxima, mas fazia anos que não me lembrava dessa expressão. Lembro-me, na infância, de ouvi-la encantado com a possibilidade de um dia ter meus próprios dois patinhos na minha lagoa, algo na época muito mais interessante para mim que ter 15 ou 18 anos, idades igualmente emblemáticas. Pois essa época está chegando em minha vida e como todas as outras idades tão aguardadas, não acontecerá nada demais, assim como nunca aconteceu. Devido a crenças pessoais eu não sou dado a comemorações de cumpleaños, mesmo assim, sou inundado por reflexões e expectativas nessa época. Olho para trás e vejo como fui corajoso ao enfrentar situações desafiadoras e, ao mesmo tempo, me sinto fraco e impotente ao perceber que muito ainda precisa ser feito, muito chão tem para ser percorrido. Ainda virá os 32, os 52 e espero, de verdade, os 102 anos. Olho para trás e vejo que os sonhos e desejos daquela criança que achava a ideia de 2 patinhos na lagoa algo sublimar se foram, assim como essa expressão que ninguém mais conhece. Coisas muito melhores e diferentes aconteceram e melhores ainda, com certeza, virão. A ordem é crescer sempre!


Ps: não sei se são realmente dois patinhos na imagem, rsrs. Me perdoem se forem dois gansos, dois marrecos, dois cisnes...

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Redução da maioridade penal - por que eu sou contra



Um dos assuntos polêmicos em alta é a proposta de redução da maioridade penal. Muitos a favor, outros tantos contra e eu apenas observando. É que não sou mesmo de me expressar sobre esses assuntos polêmicos já que tanta discussão sempre fica tão acalorada que perde o sentido, afinal, é difícil aceitar a opinião dos outros. Os poucos formadores de opinião que eu sigo nas minhas redes sociais, na sua maioria são contra a redução, mas nos comentários das suas postagens há muitos que concordam que deve ser reduzida, justificando sempre com as mesmas palavras: “levem eles pra sua casa, então...”, “queria ver se eles matassem alguém da sua família...”. Mesmo assim, eu ainda não concordo com a redução da maioridade penal e vou explicar os meus motivos, baseados apenas no que eu vejo e sinto, sem estatísticas e dados para comprová-los.

Eu já fui um adolescente de 16 anos e, por isso, eu sei como essa fase é complicada. Nessa idade eu sabia muito bem o que era certo e o que era errado sim, porém, não entendia as consequências das minhas ações. Um adolescente sabe o que é matar uma pessoa (argumento que quem é a favor usa muito), tanto que muitos matam. Até uma criança tem ciência do que é isso. Os adolescentes sabem que se tivessem 18 anos ou mais seriam presos, mas será que eles veem isso como algo realmente prejudicial e que os marcarão pelo resto de suas vidas? O adolescente quer desafiar tudo e todos, acham que estão acima do bem e do mal e sempre querem ter razão, depois, quando passa dessa fase entende que não era bem assim, que vamos sempre ter que obedecer a alguém, que se fizermos determinadas coisas hoje podemos não ser afetados amanhã, mas um dia isso acaba nos atingindo e pode ser tarde demais pra reverter a situação. Eu penso na minha adolescência e lembro o quanto foi importante ter meus pais e outras pessoas do bem como referências e o quanto elas me ajudaram. E penso também no perfil dos menores infratores. Será que eles têm uma família bem estruturada para serem seus espelhos? Quem é sua referência? Isso leva ao próximo motivo.

Adolescentes são seres influenciáveis. Não há muito o que falar sobre isso, basta passar em frente a uma escola no horário de saída que você verá grupos enormes de adolescentes com o mesmo tipo de roupa, o mesmo corte de cabelo e ouvindo as mesmas músicas. Basta ver uma reportagem de uma turma de menores infratores em que todos darão as mesmas respostas e justificativas iguais. Então, nem é preciso explicar mais uma vez que o contato com os “bandidões” numa prisão comum não será nada bom para os adolescentes. Sim, eu sei, a proposta é que eles fiquem em alas separadas, porém, estarão vivenciando a mesma realidade desse pessoal e o contato, mesmo que pequeno, será inevitável. Se esses adolescentes podem ser influenciados, eles precisam ser influenciados a serem homens dignos e do bem, e uma penitenciaria não é o melhor lugar para isso, ficando bem claro no próximo motivo.

Se a prisão não recupera homens formados, o que dirá de adolescentes influenciáveis? Precisamos entender que o principal objetivo de uma penitenciária é (ou deveria ser) recuperar pessoas que cometeram algum crime, mas que naquele momento representam risco à sociedade. Entretanto, é usada como um depósito de bandidos. Não poderia ser assim, já que depois de um tempo eles saem e podem viver suas vidas normalmente. Se fosse para ser encarado como um lugar para aprisionar incorrigíveis, estes deveriam viver o resto de suas vidas encarcerados e isso não acontece no Brasil. Como é dito por muitos, infelizmente, a prisão brasileira nada mais é do que uma escola intensiva da bandidagem. Sai-se hoje e volta-se amanhã por cometer um crime mais grave que o de antes e isso não será diferente com os adolescentes.

Adolescentes já pagam por seus crimes, sendo encarcerados em centros de recuperação para menores que muitas vezes oferecem condições piores que uma penitenciária para adultos. Aqui entra o único dado comprovado por pesquisa que eu me lembro: adolescentes que cometem pela primeira vez algum crime, independente de qual seja, são encaminhados para esses centros e neles ficam por três meses, já as pessoas maiores de 18 anos que são presas pela primeira vez ficam, em média, um mês preso numa penitenciária, isso se for um crime grave. Apesar disso, o número de reincidentes consegue ser bem menor nesses centros que nas prisões.

Não só os jovens que cometem crimes serão afetados com a redução da maioridade penal, todos estarão ainda mais passíveis de passar por situações constrangedoras, talvez por algo que não fez. Lembrei-me de um amigo que há um bom tempo foi abordado pela polícia e foi revistado. Na época ele estava com 16 anos, vindo da casa da tia sozinho, por volta das 19 horas e carregando uma sacola de retalhos de pano. Já havia no local outros adolescentes encostados contra a parede, então, quando ele passava os policiais o chamaram e o revistaram. Veja bem, ele tinha apenas 16 anos, não estava com um bando de outros adolescentes fazendo arruaça, era cedo ainda e carregava uma sacola dessas de supermercado com pedaços de pano, algo totalmente identificável. Se a maioridade penal fosse de 16 anos, as chances de ele ter sido levado para uma delegacia e até para uma prisão de forma injustificada, porque nós sabemos que isso acontece e não é pouco, seriam muito maiores. Talvez essa experiência para um adolescente que está habituado a viver no meio disso, seja vendo acontecer com parentes ou vizinhos, não traria nenhuma consequência, mas para ele que nunca tinha presenciado algo assim foi bem traumático.

Esses são, basicamente, os motivos pelos quais acredito que a maioridade penal não deveria ser reduzida, lembrando, mais uma vez, que são baseados apenas no que eu vejo e percebo.
Eu não sou especialista no assunto, então, não sei qual a solução para combater o aumento da criminalidade e da violência, mas sei que para qualquer adolescente a educação é fundamental e para aqueles que vivem em zonas comandadas pelo crime a assistência social é imprescindível antes que ele entre para a estatística e cometa algum crime porque depois que isso acontecer de nada adianta.
Se quiser saber mais sobre e opiniões de gente que entende do assunto veja aqui, aqui e aqui.
E qual é a sua opinião? A maioridade penal deve ser reduzida? Por quê? Conta pra gente.

Ps: comentários ofensivos e desrespeitosos não serão aceitos

quarta-feira, 17 de junho de 2015

Se não é uma carta, é um desabafo



Não são nem 11 horas da noite de um sábado e eu já estou embriagado. Sim, logo eu, que prefiro a sobriedade e a certeza de estar entendendo tudo o que acontece em torno de mim, estou embriagado. Na verdade, eu que adoro a sobriedade, ironicamente também adoro os exageros e nem estou tonto assim, bebi uma taça de vinho apenas (foi cerveja, mas vinho é poético), e meu limite é duas taças, conseguiria tranquilamente degustar mais uma antes de sair à procura de um lugar para descansar. Consigo até escrever isso que eu adoraria chamar de carta (também porque acho poético!), mas nem sei se isso que escrevo, de fato, é uma ou essa palavra “carta” só é usada para escritos à caneta, em um papel e entregado por um carteiro ou por um melhor amigo, então chamarei de desabafo e esse desabafo é a mais pura verdade. Sóbria e sem exageros.
 Resolvi usar da bebida como desculpa para chacoalhar meu cérebro e estômago e vomitar, deixar jorrar aqui todos os sentimentos e pensamentos que me cercam e que envolvam você, pela primeira vez, sem me preocupar onde isso pode respingar e qual será o cheiro daqui a algumas horas, ou dias. Eu não me preocupo porque sei que dificilmente você o lerá, e se ler não entenderá que se trata de você, ou do que você representa pra mim, que pode ser pura fantasia. Uma imagem retorcida, vista por um filtro de nome estranho, desses que se usam nas fotos encontradas em redes sociais, mas que pode ser também realmente você. Claro. Nítido. Simplesmente você, debaixo de um holofote visto por mim de longe e perto também. Você, na minha sensibilidade, quase sobrenatural, de enxergar as pessoas como elas realmente o são.
Todas essas palavras combinariam muito bem com perfeição e talvez seja isso que você está pensando - que eu te acho perfeito, mas não. Você passa longe da perfeição e isso é o que me atrai. Exatamente essa sua arrogância em relação aos seus defeitos, essa sua pouca vontade em concertá-los. Logo você que adora essas coisas de evolução pessoal consegue conviver tão bem com seus defeitos, sabe respeitá-los, nunca os menospreza como todos fazem. Você entende que eles têm o seu valor e sua beleza. E isso é irônico, como eu fui ao usar sobriedade e exageros na mesma sentença. Talvez seja essa uma das poucas similaridades que temos: essa coragem inexplicável de se contradizer sem se sentir culpado, nem sequer se sentir menor por dizer que “ama”, “odeia” e nunca “gosto” e “não gosto”. De dizer sim quando, na verdade, quer dizer não. Ir quando quer ficar. Continuar quando deveria parar. De parar quando o melhor era persistir. De tentar quando as chances se esgotaram.
Você que, mesmo tão autêntico, vestiu a fantasia do seu herói favorito e esqueceu-se de ser o que realmente é: humano fraco e indefeso, como todos os outros que estão à procura da felicidade, de se libertar das amarras que nós mesmos nos colocamos e que sequer experimenta, ao menos uma vez, seguir o seu ímpeto, seu desejo, seu coração, mesmo sabendo que ele é traiçoeiro. Quer saber, eu experimentei e gostei. Hoje quase nunca me deixo levar, sigo o meu ritmo, minha vontade.
Você que entende tão bem do sobrenatural e esquece o normal. Você que deseja o mesmo que eu, mas finge que não, mais uma vez se importando com as convenções. Você que apesar de tudo me faz sentir bem e querer sempre melhorar, você que desperta as coisas boas que muitas das vezes ficam guardadinhas na caixinha de lembranças da criança que fui um dia, aquelas coisas que infelizmente vamos guardando ao longo do caminho, mas que cabia muito bem em nossa vida.


Gostaria mesmo de entender você e te ver tão claramente como acho que posso, afinal, tudo seria mais fácil, nossas conversas de minutos se estenderiam por horas, nossa vontade seria grande o bastante para termos coragem de nos vermos, enquanto isso continuo daqui e você daí, separados por quilômetros e unidos pelas diferenças, fingindo que não me importo e você fingindo que se importa. Usando da euforia contida numa taça de vinho para justificar aquilo que eu jamais diria na minha sobriedade cotidiana.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

A vida continua ...

Quando ouvi dizer que as reticências, ou os famosos três pontinhos são usados por pessoas indecisas, que não sabem o que querem e que deixam sempre suas afirmações em aberto, eu que não queria demonstrar nada disso, mas amava usá-las, tratei logo de deixá-las de lado. Queria mostrar, mesmo com toda insegurança interna, que estava certo do que estava dizendo e logo passei a terminar minhas frases sempre com pontos finais e, se queria enfatizar, com pontos de exclamação. Interrogações?! Sempre acompanhadas por um ponto de exclamação, por que não?! Mas... Pensando bem... Acabei por deixar essas convenções de lado... Reticências pra mim é o sinal de que a vida continua.

Quantas vezes você achou que nada daria certo, que estava no fim do túnel e sem luz, que a morte estava perto, que tudo tinha acabado, que o fim era eminente, mas que, como num passe de mágica, as coisas deram certo, uma luz acendeu, você estava mais vivo que nunca e tudo estava apenas começando.
Todos, por mais fracos que sejamos ou que pensamos ser, temos essa capacidade incrível de morrer para logo reviver. Você achou que não conseguiria, sofreu, passou noites sem dormir, às vezes sem comer, mas depois, você achou uma brecha ali, alguém te mostrou outra forma, você tentou de novo e de novo e, pronto, deu certo. O vendaval que se formou na sua vida passou e tudo ficou ainda melhor. A vida continuou pra você. Continuou também para a Antônia que sofria por não ter filhos, mas que entrou na fila de adoção e veio logo dois. Continuou para o Rogério que procurava o amor da sua vida e sofria por isso, achava que felicidade mesmo só compartilhando a vida com alguém, sofreu tanto que, um dia andando de cabeça baixa por aí encontrou aquela pessoa que sempre sonhou. Continuou pro Frederico que ralou pra fazer faculdade, que vendia o almoço pra comprar a janta, que estudava com livros usados, que esteve a ponto de desistir várias vezes, mas enfim, se formou em Medicina e montou seu próprio consultório. A vida continua pra todo o mundo. Isso quer dizer que, por mais que escolhemos abolir as reticências e usarmos somente pontos finais e exclamações em nossas frases, na vida não dá pra sermos tão seguros assim, estamos sujeitos a variações de humor, de dor, de amor. Afinal, a vida continua e tudo muda. O ideal é termos sempre as reticências em mãos porque quando tudo mudar, se estivermos abertos, teremos a chance de nos reinventar e continuar, tentar mais uma vez ou começar de novo agora mais fortes e mais experientes.


A única certeza que temos é que se não continuamos é porque morremos e isso ninguém quer. De resto, somos todos indecisos, tateando no escuro que é o futuro, sem saber o que nos espera e como reagiremos, sem saber se suportaremos o amanhã e, suportando o amanhã, se teremos forças para o dia seguinte, sem saber de nada continuamos...  a vida continua...

segunda-feira, 1 de junho de 2015

"Avisa que é de se entregar o viver..."

A arte de sofrer por aqueles que não estão nem mesmo roendo a unha do dedo mínimo por mim, eu tenho. Queria ser daqueles que conseguem ter um sono tranquilo mesmo com um amor impossível entrando na sua vida. Que não dispara indiretas amorosas e dramáticas nas redes sociais, atualizando a cada 30 segundos seu feed de notícias, além de desativar e ativar o bate-papo repetidas vezes só pra se mostrar presente ali. Daqueles que não veem coisas simples se tornarem hábito, como passar pela mesma rua, no mesmo horário apenas por saber que aquela pessoa estará também ali.
Desculpe-me se você consegue prosseguir normalmente sua vida mesmo diante do terceiro amor da sua vida nesse ano, mas eu não consigo, sou tentado a protagonizar ceninhas de ciúme, fazendo bico como uma criança, fechando a cara e indo embora mais cedo ou nem mesmo aparecendo em algum lugar, isso tudo pra uma pessoa que nem mesmo sabe da minha existência, muito menos que meu coração bate mais forte. Sinto-me obrigado a demonstrar a cada segundo que eu tô afim, que eu quero me entregar.
Há quem diga que é falta de amor próprio, mas não, é excesso de amor, tanto amor que tenho a necessidade de me doar o tempo todo, de espalhar pedacinhos de mim para aqueles que por um sorriso de canto de boca, ou coisas assim, tem chances de eu querê-lo o resto da minha vida.
Esses que me seduzem com seu jeito de falar, que me contam sobre as aventuras na Cochinchina de anos atrás, tão entusiasticamente que eu penso que foi ontem que tudo aconteceu. Que tem uma risada audaciosa, que me traz uma alegria sem fim, mesmo sem motivos. Que traz muitas coisas num olhar perdido.
Muitos vão achar que é correr risco demais. E, realmente é! Amar é correr riscos, é estar disposto a fugir numa madrugada deixando um bilhete dizendo “fui ser feliz!”. É não se preocupar em saber se daqui a dois anos você ainda estará com aquela pessoa. É pensar no hoje como sendo o seu último dia de sua vida. É entender que se um dia não estiverem mais juntos, será o amor que te ajudará a superar a separação.  É saber que os defeitos é que te atrai a alguém, que faz a pessoa se tornar diferente e única para você.
Por que não correr o risco do amor?! Amar é como aquelas brincadeiras “radicais” demais para as crianças, mas que elas insistem em brincar. Sabe arrancar a ponta do dedão chutando bola? Quantas vezes isso aconteceu com você? Doeu, não foi? Quantos dias você ficou sem brincar por causa disso? Será que durou uma tarde pelo menos? Então, vai ficar com medo de amar? Uma brincadeira que pode lhe causar, no máximo, um coração esfolado e aquela ardência na hora do banho?

O negócio é ser criança! Crianças sabem amar de verdade, sem preocupação, assumindo os riscos de possíveis quedas, esfolados e machucados. Elas sabem que são fortes o suficiente pra aguentar tudo isso e, acima de tudo, sabem que vale a pena. O choro veio só no final, antes disso teve muito riso, muita alegria, muita adrenalina envolvida e é nisso que elas se concentram. Os momentos bons são bem maiores que os ruins. E é por esses momentos que elas não se abatem e logo ficam inteiras de novo, com um curativo ali outro acolá, é verdade, mas logo estão prontas para brincar novamente. E as marcas e cicatrizes que ficaram?! Isso não importa agora. É só pra não se esquecer daquela história, daquele momento que foi bom e que dá saudade. Seja pelo que você é hoje e será no futuro, seja pela criança corajosa que você foi um dia: se entregue, de verdade. Ame!



ps: título do texto é um trecho da música "Pois é" da banda Los Hermanos que, por coincidencia, estava ouvindo no momento em que revisava o texto e percebia que ainda não tinha pensado num título. 

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Para o seu eu - meu amigo que anda por aí, escondido dentro de você


Meu querido. Estou com saudade de você que anda sumido, escondido não sei onde aí dentro. Creio que seja no coração, ótimo lugar para guardar pessoas inesquecíveis. Talvez o ‘seu eu maior’, aquele que agora está em destaque, esteja tentando, a todo custo, tomar todo o espaço e por isso nem saiba que esse amigo meu ainda está por aí. É assim mesmo. Às vezes alguns de nossos papeis que um dia fez sucesso, perdem o seu protagonismo.
Como disse tantas vezes (e você nunca acreditou) é normal que se se perca no meio de tantos sentimentos, momentos, pessoas, acasos, tempo, escolhas, desejos, mas é normal também se achar no meio disso tudo, e essa carta é pra que esse seu ‘eu meu amigo’ seja rastreado até ser encontrado. Caso o seu ‘eu maior’ tenha se esquecido de como é a sua faceta pela qual estou procurando, eis algumas dicas: é aquele rapaz confuso que ao mesmo tempo é cheio de opiniões que assustam. Aquele homem grande, visivelmente desajeitado, porém, com tamanha sensibilidade a ponto de ser um artista. Aquela criança que jamais cresceu e, por isso, ainda faz pirraça. Aquele irmão que envolve em brigas mesquinhas como se fosse o caçula. Aquele filho ainda vulnerável que pede para dormir junto com sua mãe. Aquele brutamonte que, não se sabe como, enternece as senhoras. Aquele amigo que nunca vai embora.
Espero que você tenha se lembrado desse papel que, para mim, é o melhor dessa sua carreira brilhante. O protagonista de uma trama tão boa que merece ter continuidade com todos os reparos que a vida nos obriga a fazer, reparos esses que só nos faz crescer. Hoje, vendo que o seu eu dominante deixa o seu ‘eu, meu amigo’ como coadjuvante, não poderia ficar sem te escrever. Usar do extinto paternal que, não se sabe como nem por que, é tão forte em mim, para dizer que por mais necessidade que tenhamos de ser queridos, nem todas as amizades são legais e construtivas. Que ser popular só é bom quando vem de sermos nós mesmos. Que, por mais que queiramos, não temos superpoderes e somos fracos diante de muitas coisas, principalmente daquelas que pensamos dominar. Que o amor só chega quando estamos focados em qualquer outra coisa que não seja o amor. Que existem amarras emocionais que não enxergamos com nitidez, mas que nos desprendermos delas faz uma diferença e tanto. Que o fato de todos fazerem daquela forma não quer dizer que é a forma certa, muito menos a mais bonita e interessante. Que apesar da distância invisível que nos separa a nossa amizade continua a mesma.
E, por último e não menos importante, queria te dizer que a vida é feita de escolhas, você é livre pra decidir qual eu será o protagonista dessa trama que é escrita e vivida a cada dia por você. E que por mais que eu tenha a preferência pelo seu ‘eu meu amigo’, aquele que me acompanhou por diversos momentos, independente da sua escolha eu sempre te apoiarei.

Com carinho do seu amigo, um espectador dessa sua história excepcional.