quarta-feira, 30 de julho de 2014

Fingir

   Vou fingir que não importo ao ver você com seus novos amores.
   Vou fingir que não importo não te ter para confessar as coisas bobas que só você levava a sério e dizia que me entendia.
   Vou fingir que o nosso silêncio, que antes me fazia tão bem, ainda não me incomoda e nem me deixa com vontade de gritar.
   Vou fingir que minha vida está indo bem sem você, e que as novidades são tantas que não me deixam lembrar de ti.
   Vou fingir que a minha cama está maior e isso me deixa feliz porque, agora, posso dormir esparramado como eu gosto.
   Vou fingir que tenho alguém para dividir as minhas conquistas tomando um vinho e ouvindo Caetano.
   Vou apenas fingir, porque a verdade é que eu sinto ciúmes.
   A verdade é que eu sinto saudade.
   A verdade é que eu quero a nossa cumplicidade de volta.
   A verdade é que vida boa mesmo só existe junto de você.
   A verdade é que eu me mexo na cama e procuro por seu braço.
   A verdade é que eu sofro de solidão.
   A verdade é que eu voltei a recorrer ao meu diário.
   A verdade é que eu serei eternamente apaixonado por você.

quarta-feira, 2 de julho de 2014

Adeus ao fim

   

   Na vida da gente as coisas são divididas, geralmente, em começo, meio e fim. Pelo começo passamos radiantes, felizes pelo que vem acontecendo, no meio ainda temos fôlego suficiente para continuar, mas o fim...
   O começo é lindo! No relacionamento ele te mandava flores, te chamava por apelidos carinhosos, você pensava nele o tempo todo. Na faculdade o começo também foi muito bom, tudo bem planejado um entusiasmo quase infantil, disposição de sobra para estar presente em todas as aulas. Quando começou no trabalho não era fácil lidar com os colegas, mas levava sempre um sorriso no rosto, a disposição em ajudar no que quer que fosse. Foi fácil dizer sim para tudo isso.
   O meio tem seus problemas, mas é ótimo também! Ele já não te chama daqueles apelidos carinhosos, as flores vêm somente dos filhos, mas ainda tem o brilho no olhar quando fala dele, o desejo de estarem bem velhinhos e juntos fala mais alto. Já não é tão fácil mais assistir a todas as aulas, fazer todos os trabalhos e às vezes simplesmente não quer ouvir a voz do professor, mas continua sendo guiado pela perspectiva de ser aquilo que sempre sonhou. Você sente que seu chefe te explora, você  já não ver seus colegas com bons olhos, só que acredita que gosta daquilo que faz, então ainda insiste.
   Agora, quando chega no fim, se tudo tiver saindo como planejado, ótimo, você vai aguentar mais um pouco. Vai tirar forças seja lá onde for e vai continuar, ávido pelo prêmio final, porém, nem sempre o que te aguarda no fim é aplausos e saudações por ter vencido. Eu diria que a fase mais longa e complicada é o fim quando se caminha pra perder ou pra começar de novo. Do zero!
   Você já entendeu muito bem que ele não é a sua alma gêmea, tampouco a sua metade da laranja, mas não quer dizer adeus, tem medo do 'depois do fim'. Você percebeu que o que estudou por anos não era o que queria, não sabe nem mesmo por que acreditou, um dia, que queria aquilo, mas você não quer dizer adeus, tem receio de começar de novo. Definitivamente você não gosta do seu trabalho, nunca foi aquilo que você esperava, mas continua se arrastando, dando voltas perto da linha de chegada.
   Não é fácil dar o braço a torcer, não é fácil começar tudo de novo, mas uma hora ou outra tem que acontecer. Pode adiar por meses ou anos, mas a hora de você ver o que tem depois daquela linha, daquela porta, daquele caminho vai chegar. Quando você tiver desprevenido, preparado ou não, você se surpreenderá olhando no fundo dos olhos do fim e lhe dizendo adeus, chegando na linha final, aquela que você tanto tinha medo e encontrando um novo mundo que é todinho seu, uma tela novinha pra você pintar, novas páginas pra você escrever como quiser. Você verá um novo começo e se sentirá entusiasmado pensando por que penou tanto se o que te aguardava era melhor, bem melhor. E sempre será!