segunda-feira, 1 de junho de 2015

"Avisa que é de se entregar o viver..."

A arte de sofrer por aqueles que não estão nem mesmo roendo a unha do dedo mínimo por mim, eu tenho. Queria ser daqueles que conseguem ter um sono tranquilo mesmo com um amor impossível entrando na sua vida. Que não dispara indiretas amorosas e dramáticas nas redes sociais, atualizando a cada 30 segundos seu feed de notícias, além de desativar e ativar o bate-papo repetidas vezes só pra se mostrar presente ali. Daqueles que não veem coisas simples se tornarem hábito, como passar pela mesma rua, no mesmo horário apenas por saber que aquela pessoa estará também ali.
Desculpe-me se você consegue prosseguir normalmente sua vida mesmo diante do terceiro amor da sua vida nesse ano, mas eu não consigo, sou tentado a protagonizar ceninhas de ciúme, fazendo bico como uma criança, fechando a cara e indo embora mais cedo ou nem mesmo aparecendo em algum lugar, isso tudo pra uma pessoa que nem mesmo sabe da minha existência, muito menos que meu coração bate mais forte. Sinto-me obrigado a demonstrar a cada segundo que eu tô afim, que eu quero me entregar.
Há quem diga que é falta de amor próprio, mas não, é excesso de amor, tanto amor que tenho a necessidade de me doar o tempo todo, de espalhar pedacinhos de mim para aqueles que por um sorriso de canto de boca, ou coisas assim, tem chances de eu querê-lo o resto da minha vida.
Esses que me seduzem com seu jeito de falar, que me contam sobre as aventuras na Cochinchina de anos atrás, tão entusiasticamente que eu penso que foi ontem que tudo aconteceu. Que tem uma risada audaciosa, que me traz uma alegria sem fim, mesmo sem motivos. Que traz muitas coisas num olhar perdido.
Muitos vão achar que é correr risco demais. E, realmente é! Amar é correr riscos, é estar disposto a fugir numa madrugada deixando um bilhete dizendo “fui ser feliz!”. É não se preocupar em saber se daqui a dois anos você ainda estará com aquela pessoa. É pensar no hoje como sendo o seu último dia de sua vida. É entender que se um dia não estiverem mais juntos, será o amor que te ajudará a superar a separação.  É saber que os defeitos é que te atrai a alguém, que faz a pessoa se tornar diferente e única para você.
Por que não correr o risco do amor?! Amar é como aquelas brincadeiras “radicais” demais para as crianças, mas que elas insistem em brincar. Sabe arrancar a ponta do dedão chutando bola? Quantas vezes isso aconteceu com você? Doeu, não foi? Quantos dias você ficou sem brincar por causa disso? Será que durou uma tarde pelo menos? Então, vai ficar com medo de amar? Uma brincadeira que pode lhe causar, no máximo, um coração esfolado e aquela ardência na hora do banho?

O negócio é ser criança! Crianças sabem amar de verdade, sem preocupação, assumindo os riscos de possíveis quedas, esfolados e machucados. Elas sabem que são fortes o suficiente pra aguentar tudo isso e, acima de tudo, sabem que vale a pena. O choro veio só no final, antes disso teve muito riso, muita alegria, muita adrenalina envolvida e é nisso que elas se concentram. Os momentos bons são bem maiores que os ruins. E é por esses momentos que elas não se abatem e logo ficam inteiras de novo, com um curativo ali outro acolá, é verdade, mas logo estão prontas para brincar novamente. E as marcas e cicatrizes que ficaram?! Isso não importa agora. É só pra não se esquecer daquela história, daquele momento que foi bom e que dá saudade. Seja pelo que você é hoje e será no futuro, seja pela criança corajosa que você foi um dia: se entregue, de verdade. Ame!



ps: título do texto é um trecho da música "Pois é" da banda Los Hermanos que, por coincidencia, estava ouvindo no momento em que revisava o texto e percebia que ainda não tinha pensado num título. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário